Esta aba tem por objetivo compilar os resumos dos trabalhos realizados pelo grupo História-PET ao longo de sua história. Os trabalhos serão adicionados aos poucos de acordo com a disponibilidade dos petianos e ex-petianos.
Cor, compadrio e liberdade: Aspectos da mobilidade
social na Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Bananal do Itaguahy (1870-1886)
Pesquisa realizada por Fernanda Vasconcelos de Andrade, Luís Claudio de Almeida Santos Júnior e Thayná Guimarães de Melo, orientada pelo professor tutor Carlos Eduardo Coutinho da Costa.
Num breve resumo de nossa pesquisa podemos destacar que nossa pesquisa analisa os processos relacionais e os artifícios os quais escravizados e libertos da Freguesia de Nossa Senhora do Bananal do Itaguahy se apoiavam em busca de uma mobilidade social na hierarquia das relações sociais da região. Destaca-se, que nosso período de análise (1870 -1886) compreende as questões abolicionistas do final do século XIX, abarcando a Lei do Ventre Livre ( 27 de Setembro de 1971) até dois anos anteriores a promulgação da Lei Áurea.
Dessa maneira, destacamos três aspectos de trabalho dentro de nossa fonte que é
o Livro 3 de Batismo de Livres da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Bananal de Itaguay (1870-1886), que faz parte do acervo digital do grupo PET- História. O primeiro é uma análise levando em conta as questões de cor e mobilidade social. O segundo aspecto a se mencionar, serão questões referentes ao apadrinhamento e articulações sociais, tendo como enfoque pardos e pretos, libertos e cativos denotando os desdobramentos desses grupos na construção de suas redes de sociabilidade. E por último, vamos construir uma análise sobre os assentos encontrados que fazem referência
a liberdade do ventre, principalmente após a lei de 1871, demonstrando as ações de
liberdade de escravizados e aspectos ligados à vontade senhorial.
Relações políticas e familiares em Nossa Senhora da Conceição do Bananal (1850-1877): Caso de Julião Rangel de Azeredo Coutinho
O trabalho “Relações políticas e familiares em Nossa Senhora da Conceição do Bananal (1850-1877): Caso de Julião Rangel de Azeredo Coutinho” foi um artigo escrito pela petiana Agatha da Silva de Oliveira e o ex-petiano Celso Philipe Monteiro de Menezes, por conta do estudo dos bancos de dados feitos pelo PET-História.
As reflexões sobre as redes de sociabilidade partiram do estudo das fontes do PET-História e do Almanak Administrativo Mercantil e Industrial (BNDigital, 1844-1885). A partir dos bancos de dados de batismos pudemos tirar informações sobre as redes de sociabilidade, cruzando com as informações do Almanak. Dessa maneira, foi possível observar as proximidades entre as pessoas e entender em que medida as relações familiares perpassavam as relações políticas, sociais e comerciais.
Em resumo, o artigo procura observar de forma mais cautelosa a composição da elite de Freguesia de Nossa Senhora do Bananal de Itaguahy entre os anos de 1850 e 1877. Afim de entender melhor a elite local, o objetivo do trabalho é comentar a forma de organização e as redes de sociabilidade através das relações de compadrio estabelecidas. Tendo como apoio o caso da figura Julião Rangel de Azeredo Coutinho, foi levado em consideração os cargos e ocupações do mesmo e daqueles em que ele escolheu se vincular, com o objetivo de pensar nessas relações como forma de acumulo de valor, não necessariamente monetário. Assim, através da análise das fontes, se torna mais acessível pensar em que medida as relações de poder se conectavam as relações familiares, e ainda perceber os laços interpessoais entre a elite local de Nossa Senhora da Conceição do Bananal de Itaguahy.
De impuro a Barão: A trajetória de Antônio Rodrigues de Azevedo em Itaguaí, 1848-1873.
Este trabalho é um desdobramento do acesso aos registros Paroquiais da Cúria de São Francisco Xavier de Itaguahy da segunda metade do século XIX. Elaborado pelos bolsistas PET Joyciene Fagundes e Iago Pinheiro e iniciado a partir da sistematização dessas fontes nos bancos de dados, realizado pelo próprio PET História UFRRJ.
O artigo teve como objetivo analisar as redes de sociabilidade de Antônio Rodrigues de Azevedo, morador da vila de São Francisco Xavier de Itaguahy de 1848 a 1873. E partir dela, identificar os valores, ações e estratégias de Azevedo, bem como asrelações sociais predominantes no local e na época.
Evidenciar a Câmara Municipal como um espaço de disputa entre os “nobres da terra” e os negociantes de grosso trato na província do Rio de Janeiro, explorando e compreendendo essas disputas, negociações e acordos. Como é o caso de Antônio Rodrigues de Azevedo que aparece em 1848 como negociante e vereador, cargo que deu visibilidade para ter acesso a outros como o de Juiz de paz, além de pagamentos de comendas, ordens políticas, isto é, oferecendo seus serviços a Coroa, até obter o aval
para comprar um título nobiliárquico de barão.
A compra do título ocorre mediante seu acesso à terra, que por ocasião só lhe foi conferido após ingressar num conjunto de relações parentais, de apadrinhamento e de participação nos espaços políticos locais. Portanto, garantiu status social,diferenciando-o dos demais e conferindo acesso e consequentemente poder na municipalidade. As estratégias de Azevedo expressam esse conjunto de valores da importância da terra no reconhecimento social, político e econômico. Caso desse
personagem, que de impuro e sem modos tornou-se o então conhecido (não somente na localidade, mas também na capital) Barão de Itaguahy.
Africanos na Baixada: uma análise de registros post-mortem na freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Bananal
Este trabalho foi realizado pela então bolsista do programa PET História - UFRRJ Juliana Delphino Garcia da Silva e orientado pelo Professor Carlos Eduardo Coutinho. Foram analisados registros post-mortem feitos entre os anos 1855 e 1878 na região da freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Bananal.
Os registros post-mortem analisados nesta pesquisa são de origens eclesiásticas, se trataram de registros de óbitos, feitos entre os anos de 1855 e 1878, na freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Bananal, localizada na vila de Itaguahy. Tais registros paroquiais evidenciaram a presença expressiva de africanos na região, ao todo contabilizei cento e dez assentos de óbitos. A análise desta fonte e de seu conteúdo permitiu que algumas questões fossem formuladas a cerca não só da história local da região de Itaguahy e da freguesia de Bananal, mas também sobre a relação que tais localidades poderiam ter com o grande empreendimento, internacional, do tráfico ilegal. Para o desenvolvimento da pesquisa, lancei mão de estudos sobre o tráfico de africanos na era do contrabando a fim de buscar justificativas para tantos óbitos, em apenas uma freguesia, em um curto período de tempo.
Não obstante, também voltei meus olhares para a região do Sul Fluminense, o desenvolvimento da cafeicultura e a ascensão do Vale do Café, durante o século XIX. A mão-de-obra escravizada e africana não foi rejeitada mesmo após o tráfico ter se tornado ilegal a partir de 1831 e reforçado em 1850. Outra informação que os registros paroquiais de óbitos evidenciaram foi a procedência de alguns africanos, fazendo com que assim as nações Benguela, Congo, Moçambique, Cabinda, Angola, Rebola e Caçange não só remontassem a diversificação africana presente na região de Bananal do Itaguahy, mas também as redes de relacionamentos entre os portos e os traficantes do Rio de Janeiro com o outro lado do Atlântico. Ao contabilizar as noções e construir gráficos sobre a procedência desses africanos, pude perceber que as regiões da África Central e Oriental aparecem com mais freqüência nos assentos do que outras zonas africanas. As procedências não dialogam apenas com a questão do tráfico ilegal e todo o sistema de negociações e investimentos que o envolve, mas também com a lógica do tráfico interno – interprovincial ou intraprovincial.
Desta forma, é cabível repensar se todos estes africanos adentraram, ilegalmente, ao Brasil por portos clandestinos no Sul Fluminense e, assim, lançam questionamentos sobre o empreendimento do tráfico em zonas periferias ou se a lógica do comércio interno de escravizados também apresenta influência nas trajetórias desses africanos.
Cor e compadrio nas relações sociais na vila de Itaguaí 1871 - 1881
Este trabalho foi realizado pelos ex-petianos(as) Jonathan André da Silva Xavier e Karine Simões e fazem parte dos desdobramentos da linha de pesquisa denominada “Família escrava”, no grupo PET-História (UFRRJ).
Por meio do compadrio e das classificações de cor impostas às crianças registradas no livro de registro de batismo de livres da Cúria de Itaguaí, entre 1871 e 1881, analisamos sucintamente o perfil social da população livre e liberta após a lei 2040 de 28/09/1871, também conhecida como lei do Ventre Livre. Como metodologia, investigamos quantitativamente as categorias de cor registradas pelos párocos no referido livro de batismo, em diálogo com a hipótese apresentada pela historiadora Hebe Mattos, em seu livro Das cores do silêncio. Nesta obra, Mattos observou que na região do Norte Fluminense, as categorias raciais eram indicativos do local social que o indivíduo ocupa. A categoria “preto” indicava uma sinalização da proximidade com o cativeiro, enquanto o “pardo” poderia significar a condição de liberto, mas sem abandonar o estigma da escravidão.
Ao sistematizarmos os dados do registro de batizando ano a ano, identificamos um imediato aumento do número de categorizados como brancos em detrimento do número de pretos e flutuação de pardos. Este aumento considerável, provavelmente, está associado ao fim do tráfico escravista pela lei de 1850, bem como consequência direta da lei do Ventre Livre. Além disso, entendendo o apadrinhamento como um mecanismo de formação de famílias extensas e promoção de importantes laços no tecido social, cruzamos as fontes do Laboratório de Acervo do PET-História (UFRRJ) com outras fontes como o Almanaque Laemmert, e através da ligação nominativa, encontramos indicativos de ascensão social na sociedade de Itaguaí e, consequentemente, um “embranquecimento” de alguns indivíduos que obtiveram esta ascensão graças as suas relações de compadrio